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Estação Carandiru é mais um dos vários atestados que mostram que falhamos como sociedade. Falhamos em proteger, dar educação, suprir necessidades. Falhamos por não saber gerir e governar. Ainda é uma falha presente e insistente. 

Drauzio Varella faz sem juízo de valor ou apontar o certo e o errado conta episódios de presos, carcereiros e outros envolvidos no dia a dia de um complexo prisional de São Paulo. Para resumir é tudo muito insalubre, violento e sem muitas perspectivas positivas. 

Esse livro me lembrou mais uma vez o quanto o ser humano pode ser perverso, mas também digno. Mas antes de tudo contraditório. Não adianta buscar explicações porque não será fácil de entender. É tudo muito surreal.

Pessoas que se perderam e não se encontram mais e que foram abandonadas pelos governantes. A parte da sociedade que deveria proteger e modificar essa situação atua de forma mais violenta e corrupta. É como se não houvesse mais solução e esperança. 

Estação Carandiru é um grande livro, mas reúne o que há de pior em nós: a desumanidade. Fica a recomendação da leitura e da excelente adaptação de Héctor Babenco.

Leve-me com você não tem um grande enredo e nem um super desenvolvimento, mas a relação que os personagens vão construindo entre eles durante o caminhar da história é o que faz você gostar da leitura. A relação acaba sendo o ponto alto. É um livro trabalha a questão do afeto e da importância de escuta. Mas também do desenvolvimento do ser humano e de suas individualidades. Como os outros acabam afetando os outros positiva e negativamente. Além de falar sobre luto, amizade e respeito. 

A história possui muitos diálogos que deixa pouco espaço para uma profundidade, mesmo com um pano de fundo interessante, mais reflexiva que gostaria de saber. É uma leitura gostosa, fofa e com ensinamentos super válidos. 

Acredito que antes de qualquer crítica é importante afirmar que Martin Luther King foi um grande líder e revolucionário. Não há como deixar isso de lado. Ele foi um homem negro corajoso que resolveu enfrentar o sistema preconceituoso e racista sem armas. É um mérito. Ainda mais por tudo aquilo que ele ajudou a conquistar para a população negra dos Estados Unidos. 

Uma grande lição que podemos tirar dessa autobiografia é como o poder da união e da amizade pode fazer a diferença na vida das pessoas. Tenho para mim que sem isso a movimentação pelos direitos civis encabeçada por King dificilmente teria conseguido algo relevante. O despertar das pessoas negras e o desejo de não cair mais na sujeição das pessoas brancas foi o pontapé inicial. Sem bem que as pessoas negras sempre lutaram.

O racismo e toda a construção racial é um problema das pessoas brancas. Eles inventaram tudo isso. Fico aqui a questionar-me se King conseguiria essa mudança se as pessoas brancas que detinham o poder na época do levante negro não estivessem dispostas a ajudarem. Seria possível? E se não John F. Kennedy ali? Será que as caminhadas não violentas não terminariam em massacre? Apesar dessas e de tantas outras indagações é que tivemos outros acontecimentos.

Apesar de todo esforço e tantas conquistas King acaba morto. A minha divergência com King é ver o mundo através da religião. Para mim, ter uma vida influenciada pela religião, tê-la como um norte não é suficiente para grandes mudanças. O caráter é capaz disso. Você pode mudar pela religião, mas nada adiantará se você possuir um caráter ruim. A história não nega: muitos mataram em nome de um deus cristão. 

Enfim, é um livro interessante para saber a trajetória de Martin Luther King e o seu esforço com resultados positivos em mudar a vida de milhões de pessoas negras. A sua luta não foi em vão, mas infelizmente não foi suficiente para acabar com a opressão do povo negro nos Estados Unidos. Tenho para mim que nunca presenciaremos o sonho de King tornar-se realidade. Acredito que só com uma revolução destituindo o poder das pessoas brancas para um dia isso se tornar real. Até lá é preciso que união e força mesmo que não haja mais esperança.

Fica a recomendação para conhecer um pouco mais de uma das grandes personalidades do século XX.

Estou surpreso por não ter gostado da maioria dos contos desse livro. A maioria das histórias não foram interessantes ou instigantes. Diferente da minha experiência de leitura de Corpo desfeito, o romance da mesma autora, que eu curti bastante.

Adua, com certeza, seria um livro incrível e melhor se tivesse mais contextualização e mais páginas para trabalhar os assuntos propostos. 

Não é um livro ruim. Está longe disso, mas a Igiaba Scego poderia construir mais. Como acompanhamos memórias espaçadas e não lineares captamos o pouco que a autora nos oferece. É um pouco com qualidade e sem grandes arroubos. 

É um bom livro e poderia ser mais se houvesse mais contextualização e menos fragmentos. Essa história merecia mais.

 A minha percepção do texto de James Baldwin é de uma construção extremamente coesa. Não faltam e nem sobram palavras. Ele consegue captar e transmitir o que deseja na junção de cada pedaço de palavras e frases que formam os ensaios dessa coletânea. Mas não só aqui. Essa mesma percepção está nos outros dois romances do autor que já li. Esse texto redondinho pode agradar e conquistar, e quando não o faz, traz questões para refletirmos e questionarmos os apontamentos de Baldwin.

Notas de um filho nativo é uma coletânea que reflete o que James Balwin era. Ele discute sobre racismo, religião, produção artística negra, família, cultura entre outros assuntos. Os meus ensaios preferidos são aqueles com teor mais pessoais e os que ele reflete sobre a sua vivência na França. São textos incríveis. O meu único problema com essa coleção é que James Balwin era norte-americano demais. Ninguém é perfeito. 

No mais, esses ensaios mostraram porque fiz de Baldwin uma das minhas referências. Há aqui muito do que preciso para refletir sobre mim e a sociedade. Um grande livro. Recomendadíssimo. 

Gótico nordestino tem bons contos, mas são tão marcantes. A minha expectativa atrapalhou a minha experiência de leitura. Estava esperando contos mais tenebrosos e não encontrei. Ainda assim são interessantes e valem a leitura.

 Eu gosto muito de livros de ficção científica que focam nas relações e na política. É isso que temos em A mão esquerda da escuridão. Além disso, temos uma discussão sobre gênero bastante intrigante se analisarmos o período em que foi escrito. Mas mesmo com essa discussão existem algumas descrições com estereótipos sexistas.

É um livro com nomes complicados que dificultam a leitura, mas é uma obra instigante sobre análise sociológica entre diferentes povos. A forma como esses se relacionam e lidam com as grandes diferenças. Não só analisando a questão política, mas também cultural e interpessoal. É uma ótima história que reflete essas questões. Em determinado momento as coisas acontecem muito rápido e é fácil se sentir perdido. Mas no decorrer dos capítulos mais longos as coisas vão se assentando.

É um livro que vou precisar reler para absorver mais, mas é um bom livro. Fica a indicação. 

Gostei de saber sobre o passado dos irmãos e de ver como eles eram como crianças. Não avança na história, mas tem pontos interessantes.

A cada volume a história melhora e a leitura fica mais gostosa. Muito triste pelo personagem que morre nesse volume. Ele era simplesmente perfeito. Acho que já dá pra gente saber quem do exercício está por trás dessa merda toda. Curtindo demais!