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A review by fevi
Luxúria by Raven Leilani
reflective
- Plot- or character-driven? Character
- Strong character development? Yes
- Loveable characters? It's complicated
- Diverse cast of characters? Yes
- Flaws of characters a main focus? Yes
4.25
Eu logo de cara gostei de Edie, a protagonista narradora de Luxúria. Nesse primeiro momento ela me pareceu uma personagem imperfeita que não seria definida somente pelo racismo. Porque basicamente esses são os arcos narrativos conduzidos para pessoas negras em algumas histórias. Ainda acredito que ela não é uma personagem perfeita e isso, para mim, é um destaque significativo. Mas ao longo da leitura fui entendo os motivos dela não ser perfeita. Leilani não cria um livro com respostas dadas, ela vai conduzindo o leitor para que ele entenda o que o mundo faz com a sua personagem.
Edie tem um caso com Eric, um homem de meia-idade que está em um relacionamento aberto. Ele vinte anos mais velho que ela. Em determinado momento ela perde seu emprego como editora e acaba indo para a casa de seu amante. Nesse meio tempo vemos como o ambiente racista acaba conduzindo a vida de Edie. Mas não só ele, o capitalismo, o machismo e o seu passado com uma mãe que tirou a própria vida e um pai que não fazia questão de ser muito presente também a afetaram.
Em um ambiente de trabalho onde só existe ela e mais uma colega negra há um indício de rivalidade entre mulheres negras que precisam mostrar o seu melhor e agirem de maneira que os brancos as aceitem. Após ser despedida a protagonista procura por serviços em entrega de aplicativos onde ela percorre a cidade toda para ganhar pouco e não conseguir o suficiente para se sustentar. O capitalismo age de forma extremamente selvagem e não permite que ela consiga viver do que ela realmente quer: ser artista. Viver da sua arte é algo postergado não só pelo sistema econômico, mas também por não conseguir se enxergar como uma e por receber retornos e avaliações negativas sobre as suas peças.
Outra questão importante é como Edie se enxerga e o amor que ela acredita merecer. Isso acaba afetando todas as suas relações. Em certo momento ela afirma que transforma homens medíocres em deuses para não perder o amor raso que eles a oferecem. Uma mulher no início da vida adulta que é bombardeada por situações conflitantes e esmagadoras. Por não ter tido uma família e um ambiente saudável na infância e adolescência criou uma imagem de que não merecia um amor simples, leve, saudável.
O mais aterrorizante disso tudo é que o livro é narrado em um clima angustiante. É desconfortável de se ler. A todo momento você espera que algo de extremamente de ruim aconteça. O período que Edie passa na casa de Rebecca e Eric é estressante e estimulante ao mesmo tempo. Há inúmeros exemplos de pequenos racismos, gestos e situações que ficam a ponto de explodir. Mas Edie nem sempre se permite ser corajosa para encará-los, sua autoestima não permite. Ela apenas aceita por estar em um lugar em que não se sente completa. Há tanto nessa história.
Enfim, não sei se consegui fazer um apanhado interessante sobre o livro. Até deixei partes importantes de fora. A obra acaba sendo complexo por não deixar tudo apontado ou até mesmo por não discutir mais profundamente algumas situações. No entanto, no cotidiano as coisas são assim: nem tudo é escancarado. Inclusive entendo que não curte o enredo. Ele não tem reviravoltas ou grandes acontecimentos. O livro se engrandece nas pequenas situações cotidianas, no passado da personagem e como a sociedade atual suga toda sua vida. É uma leitura agradável, mas não sei se é para todo mundo.
Edie tem um caso com Eric, um homem de meia-idade que está em um relacionamento aberto. Ele vinte anos mais velho que ela. Em determinado momento ela perde seu emprego como editora e acaba indo para a casa de seu amante. Nesse meio tempo vemos como o ambiente racista acaba conduzindo a vida de Edie. Mas não só ele, o capitalismo, o machismo e o seu passado com uma mãe que tirou a própria vida e um pai que não fazia questão de ser muito presente também a afetaram.
Em um ambiente de trabalho onde só existe ela e mais uma colega negra há um indício de rivalidade entre mulheres negras que precisam mostrar o seu melhor e agirem de maneira que os brancos as aceitem. Após ser despedida a protagonista procura por serviços em entrega de aplicativos onde ela percorre a cidade toda para ganhar pouco e não conseguir o suficiente para se sustentar. O capitalismo age de forma extremamente selvagem e não permite que ela consiga viver do que ela realmente quer: ser artista. Viver da sua arte é algo postergado não só pelo sistema econômico, mas também por não conseguir se enxergar como uma e por receber retornos e avaliações negativas sobre as suas peças.
Outra questão importante é como Edie se enxerga e o amor que ela acredita merecer. Isso acaba afetando todas as suas relações. Em certo momento ela afirma que transforma homens medíocres em deuses para não perder o amor raso que eles a oferecem. Uma mulher no início da vida adulta que é bombardeada por situações conflitantes e esmagadoras. Por não ter tido uma família e um ambiente saudável na infância e adolescência criou uma imagem de que não merecia um amor simples, leve, saudável.
O mais aterrorizante disso tudo é que o livro é narrado em um clima angustiante. É desconfortável de se ler. A todo momento você espera que algo de extremamente de ruim aconteça. O período que Edie passa na casa de Rebecca e Eric é estressante e estimulante ao mesmo tempo. Há inúmeros exemplos de pequenos racismos, gestos e situações que ficam a ponto de explodir. Mas Edie nem sempre se permite ser corajosa para encará-los, sua autoestima não permite. Ela apenas aceita por estar em um lugar em que não se sente completa. Há tanto nessa história.
Enfim, não sei se consegui fazer um apanhado interessante sobre o livro. Até deixei partes importantes de fora. A obra acaba sendo complexo por não deixar tudo apontado ou até mesmo por não discutir mais profundamente algumas situações. No entanto, no cotidiano as coisas são assim: nem tudo é escancarado. Inclusive entendo que não curte o enredo. Ele não tem reviravoltas ou grandes acontecimentos. O livro se engrandece nas pequenas situações cotidianas, no passado da personagem e como a sociedade atual suga toda sua vida. É uma leitura agradável, mas não sei se é para todo mundo.